Caramba e não é Que um chato bicho de pé Resolveu pegar no meu pé Ignorando inclusive o meu chulé?
Para piorar ainda mais situação O bicho de pé se transformou em bicho papão Assim que chegamos ao meu barracão.
Por não se tratar de bicho de sete cabeças (Eu jamais passei por coisas tão às avessas), Falei com voz de trovão: quero que desapareças
Da minha casa antes que todo o meu ódio em ti esguicho, Disse olhando furioso à fera. Ela vendo que eu iria saltar o bicho, Que não estava blefando, murchou ainda mais a orelha e o rabicho.
Apavorado com o meu lado bestial, Bicho papão afinou a sua voz e me pediu desculpa afinal; Saiu correndo, abriu a porta, ganhou a rua sem me dizer tchau.
Vovó, fizemos uma pergunta à mamãe e ao papai, Mas eles não quiseram ou não sabem responder. a senhora, que é sábia, é a nossa única esperança; Diga para mim e minha irmã como nasce uma criança?
A vovó olha para os seus netinhos com naturalidade E pede aos seus netos para sentarem bem ali do seu lado. Meus queridos, quando essa pergunta é feita, na verdade É sinal de que o período da infância está sendo sepultado.
Ou seja, não estou mais diante de uma menina e um menino E sim diante de uma linda mocinha e um belo rapazinho. Eu contarei tudinho para vocês sem nenhum desatino, Disse a vovó com uma entonação doce, cheia de carinho.
Vocês sabem o que é um adulto, não sabem? Sabemos vovó! Quando um adulto casa, uma das coisas com que ele mais sonha É se tornar papai ou mamãe. Então ele passa a rezar ao Papai do Céu só Com essa finalidade. Ouvindo as preces, Deus chama uma cegonha
E mostra a ela a casa de ontem vem tão ansiosa e convicta oração. Enquanto a cegonha anota direitinho o apontado endereço, Papai do céu chama um belo anjinho e tira-lhe a asa então. Assim um novo bebezinho é feito por Deus com todo apreço.
Aí, o Pai Eterno pega um lençol comprido, une as pontas com um nó Bem cego, passa-o na cintura do bebê e o coloca no bico da ave e a manda entregar. Foi assim que eu acabei me tornando vovó E o meu filho se tornando pai de vocês. Mana, a coisa tá grave!
Como diz o ditado popular “Antes ouvir tudo isso que ser surdo”! Eu nunca ouvi uma estória assim, completamente sem coerência. O que é a gente faz? Conta a verdade pra acabar com esse absurdo Ou deixemos a nossa querida avó morrer na santa inocência?!
Fui ajudar uma velhinha atravessar a rua. Antes não tivesse praticado essa boa ação. A pé na cova sem piedade me sentou a pua e falou no meu ouvido um monte de palavrão.
Na certa você deve estar pensando: é mentira sua! Uma idosa jamais teria tão indecorosa verbalização Também levei um susto danado, mas a verdade nua e crua É que o léxico imundo da velha era de grande proporção.
Até agora não entendi nada! Por que a sênior lhe agrediu Verbal e fisicamente se você a ajudou concluir a travessia? O que há de errado nessa estória que você de mim omitiu?
Sob tapas, xingatórios e com muita dificuldade Consegui levar a anciã para o outro lado da via. A “vovó” já tinha atravessado a rua e isso eu não sabia.